A tradicional história de Cinderela ganha uma releitura macabra, onde a vingança é servida com sangue e violência

“A Vingança de Cinderela” (Cinderella’s Revenge), dirigido por Andy Edwards e escrito por Tom Jolliffe, é a mais nova adaptação sombria de um conto de fadas clássico, que transforma a inocente jornada de Cinderela em uma sangrenta história de vingança. Com a personagem agora em domínio público, o filme se aproveita da oportunidade para dar à icônica princesa um novo papel: o de uma vingadora implacável em um mundo onde a crueldade humana é ainda mais assustadora do que qualquer magia.

A trama segue a narrativa clássica: após a morte de seu pai, Cinderela (Lauren Staerck) é submetida a um regime de opressão e humilhação por sua madrasta cruel Katherine (Stephanie Lodge) e suas filhas, Josephine (Beatrice Fletcher) e Rachel (Megan Purvis). Mas em vez de uma história sobre paciência e superação, “A Vingança de Cinderela” mergulha em uma trama onde o sofrimento leva à retaliação violenta.

Com a ajuda de uma Fada-Madrinha (Natasha Henstridge) que exibe uma magia inesperada e peculiar, Cinderela ganha as ferramentas para se vingar. No entanto, o foco do filme permanece na crueldade humana, destacando como o horror das ações mundanas pode ser tão poderoso quanto o sobrenatural. As punições injustas são mostradas de forma explícita e brutal, e é aqui que o filme encontra seus momentos mais aterrorizantes.

Uma das principais fraquezas de “A Vingança de Cinderela” está em suas limitações orçamentárias, visíveis especialmente durante a sequência do baile real promovido pelo príncipe James (Darrell Griggs). Embora a cena seja crucial para o desenvolvimento da trama, é evidente que faltaram recursos para uma execução técnica à altura da expectativa. Contudo, o filme compensa essas deficiências com criatividade, especialmente no uso do icônico sapatinho de cristal como uma arma letal. Esse toque de reimaginação violenta traz um ar fresco ao conto clássico.

Lauren Staerck entrega uma performance sólida como Cinderela, capturando a transformação de uma jovem subjugada para uma figura vingativa e sombria. A máscara que a protagonista usa ao longo do filme serve não apenas para esconder seu rosto, mas também para simbolizar seus sentimentos contraditórios, tornando-se um elemento visual forte que adiciona profundidade à personagem. O elenco secundário, liderado por Stephanie Lodge como a madrasta maligna, cumpre bem seu papel, embora os vilões sejam um tanto caricatos em alguns momentos.

O verdadeiro charme de “A Vingança de Cinderela” está na forma como ele mistura o gênero slasher com o clássico conto de fadas. A violência gráfica, aliada à crueldade emocional, torna o filme uma experiência intensa para os fãs de terror. As cenas de vingança são brutalmente satisfatórias, especialmente quando Cinderela transforma os elementos familiares de sua história — como o sapatinho de cristal — em instrumentos de violência. O filme não se priva de mostrar o lado mais sombrio da jornada de sua heroína, levando o público a refletir sobre os limites da justiça e da vingança.

“A Vingança de Cinderela” é uma adaptação ousada e sangrenta de um conto de fadas que, embora limitada em termos de orçamento e técnica, compensa com criatividade, violência gráfica e uma narrativa de vingança satisfatória. Com um toque de comédia inesperada, cortesía da Fada-Madrinha, e uma reimaginação chocante dos elementos clássicos, o filme se destaca entre as recentes releituras sombrias de histórias infantis.

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.

Foto: Divulgação/A2 Filmes

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