Tim Burton retorna ao mundo sobrenatural de Beetlejuice com uma continuação que equilibra nostalgia e inovação

Quase quatro décadas após o lançamento de “Os Fantasmas se Divertem” (1988), Tim Burton traz de volta Beetlejuice, o bio-exorcista mais desregrado do cinema, em “Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice”. Com Michael Keaton retomando o papel icônico e Winona Ryder mais uma vez como Lydia Deetz, o filme surpreende ao preservar a essência do original e ao mesmo tempo adicionar novas camadas e personagens à trama. O resultado é uma continuação que consegue agradar tanto aos fãs antigos quanto às novas gerações.

A história segue Lydia Deetz, agora uma mulher madura que transformou sua habilidade de ver fantasmas em um programa de sucesso na TV, “Casa Assombrada”. Sua relação com o sobrenatural se intensificou, mas o mesmo não pode ser dito sobre sua conexão com sua filha Astrid (Jenna Ortega), com quem mantém uma relação distante. A trama central do filme se desenrola quando Astrid acaba no Mundo dos Mortos, forçando Lydia a buscar a ajuda do único ser capaz de transitar entre os dois mundos: Beetlejuice.

A volta à casa assombrada de Winter River, onde tudo começou, é recheada de nostalgia e carrega o tom surreal e bizarro que define o universo criado por Burton. A famosa maquete, usada como portal para Beetlejuice no primeiro filme, faz seu retorno, agora com novas funções e perigos. O Mundo dos Mortos, que já era visualmente fascinante, ganha novos cenários e uma burocracia ainda mais absurda, com direito à presença hilária dos Encolhidos em cargos administrativos.

Michael Keaton retorna em grande forma como Beetlejuice, trazendo novamente sua energia caótica e carisma sombrio. O personagem continua tão irreverente e excêntrico quanto antes, mas o filme explora novas nuances ao introduzir sua ex-esposa vingativa, Delores (interpretada com classe por Monica Bellucci). A química entre os dois é um dos pontos altos do filme, com Delores representando uma ameaça divertida e inesperada.

Jenna Ortega se destaca como Astrid, trazendo uma nova dinâmica para a narrativa. A jovem atriz, já conhecida por seu talento em papéis no gênero de terror, incorpora bem a filha rebelde e desconectada de Lydia, além de estabelecer um arco convincente de redenção familiar. Winona Ryder, por sua vez, continua cativante como Lydia, agora uma figura pública, mas ainda carregando o mesmo estilo gótico que a tornou tão amada pelo público.

Os novos personagens, como Jeremy Frazier (Arthur Conti), o interesse amoroso de Astrid, e Rory (Justin Theroux), o novo noivo de Lydia, oferecem momentos de alívio cômico, com destaque para Wolf Jackson (Willem Dafoe), um fantasma que age como se ainda estivesse em um filme policial dos anos 80.

Tim Burton, mais uma vez, faz jus à sua reputação de mestre do gótico surreal. A estética vibrante e distorcida que tornou o original um clássico cult está presente em cada quadro, desde o visual excêntrico do Mundo dos Mortos até o detalhamento minucioso das criaturas e cenários. Um destaque visual é a sequência nas areias do submundo, onde reside a icônica minhoca do deserto, que continua impressionando com seu design.

O uso de stop-motion, marca registrada de Burton, é particularmente eficaz durante uma sequência envolvendo uma tragédia familiar, que consegue transformar o sombrio em algo cômico. Além disso, o filme não perde a oportunidade de criticar a cultura dos influenciadores digitais, punindo-os de forma deliciosamente sarcástica em uma das cenas mais engraçadas do longa.

A trilha sonora, novamente composta por Danny Elfman, é outro ponto forte. Desde os primeiros acordes, os fãs do original são imediatamente transportados de volta ao universo peculiar de Beetlejuice. Além disso, a inclusão de clássicos dos Bee Gees, como “Tragedy”, em uma participação musical memorável, proporciona momentos de pura diversão e nostalgia.

“Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice” é uma continuação que equilibra magistralmente o respeito ao filme original com elementos contemporâneos. Tim Burton e Michael Keaton mostram que, mesmo após quase 40 anos, Beetlejuice ainda tem muito a oferecer. Com novos personagens interessantes, um roteiro afiado e a sempre fascinante estética burtoniana, o filme se consolida como uma continuação digna, provando que o espírito anárquico e irreverente do personagem continua vivo.

*Título assistido em Sessão exclusiva promovida pelo Curitiba Cult e Imax Palladium

Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

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