Em uma reportagem ao Intercept, testemunhas afirmam que não houve atentado contra Tarcísio e que o homem que faleceu estava desarmado

Por: Carlos Becerene
Fotos: REUTERS/Amanda Perobelli/Direitos Reservados/Agência Brasil

Um tiroteio interrompeu a visita do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à comunidade de Paraisópolis, na zona oeste da capital paulista. Primeiramente, a troca de tiros foi associada a um atentado contra Tarcísio, porém a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) afirmou que o acontecimento não tinha relação com o político.

Porém, em uma reportagem recente do Intercept Brasil, quatro testemunhas afirmaram que os seguranças do candidato atiraram em um homem desarmado. Contudo, a versão oficial afirma que haviam homens com armas longas “mandando um recado” e isso ocasionou em um confronto, porém as imagens do local não mostraram nenhuma arma. 

A filmagem foi realizada pelo cinegrafista da TV Jovem Pan, nela é possível ver o  corpo de Felipe da Silva Lima (28) deitado no chão, sem vida, com uma perfuração no peito, ao lado de uma motocicleta e sem sinal de armas próximas ao corpo. 

No boletim de ocorrência, registrado na 89ª DP do Campo Limpo, é informado que os agentes da PMESP não apresentaram nenhum armamento. Em contrapartida, duas armas de policiais militares que estavam à paisana foram apreendidas e periciadas – um fuzil Imbel 5.56, e uma pistola .40.

Dessa maneira, os relatos divulgados na reportagem do Intercept revelam que Felipe estava acompanhado de um outro homem, identificado como Rafael, ambos provocaram os seguranças de Tarcísio afirmando que a comunidade não os queriam no local. 

Um tempo depois alguns homens, que eram ligados ao tráfico de drogas na região, ficaram em uma esquina próxima e após sons de tiros, longe do local a qual o candidato estava, Felipe e Rafael se aproximaram novamente dos seguranças, mas foram recebidos com disparos. 

Os homens que tinham ligação com o tráfico de drogas foram até o local, armados, e assim se iniciou um confronto. Segundo testemunhas, eles queriam resgatar Felipe, porém o confronto se encerrou com a chegada dos policiais.

As testemunhas afirmaram que a dupla não estava armada e tão pouco apresentavam perigo aos seguranças. Já sem vida, Felipe foi encaminhado ao hospital e o boletim de ocorrência foi realizado às 17h do mesmo dia.

Polêmica a respeito das imagens do suposto atentado contra Tarcísio

Há poucas imagens a respeito do evento, imagens realizadas pelo cinegrafista, que está com sua identidade preservada, foram alvos de polêmicas. Mas, em uma reportagem da Folha, foi revelado que um dos seguranças de Tarcísio pediu para o cinegrafista excluir as imagens capturadas.

Fabrício Cardoso de Paiva é um agente licenciado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e está acompanhando Tarcísio em sua campanha. Entretanto, um áudio, revelado pela Folha de São Paulo no dia 25, mostra Fabrício exigindo que o cinegrafista apague as imagens.

“Você tem que apagar”, diz o agente da Abin.

Na matéria é mostrado todo o diálogo entre o agente e o cinegrafista. Isso após o suposto atentado contra Tarcísio. “Você filmou os policiais atirando?”, questiona. “Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM para cima dos caras”, respondeu o cinegrafista da TV Jovem Pan. “Você tem que apagar”, impôs.

Quem é Tarcísio?

Ex-militar, engenheiro e ex-Ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio Gomes de Freitas nasceu no Rio de Janeiro e agora concorre para governador no Estado de São Paulo. O político se envolveu com diversas polêmicas, como a logística para a entrega de oxigênio em Manaus, durante a pandemia. Posteriormente, com o plano de tirar as câmeras das fardas dos policiais e implementar o modelo de segurança pública carioca em São Paulo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *