Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O inquérito apura a denúncia de que o presidente teria interferido na Polícia Federal
Na tarde dessa quarta-feira (6), o ministro Alexandre de Morais do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu a suspensão do julgamento e a retirada de pauta do agravo regimental, proposto contra decisão que negou ao presidente da República a possibilidade de optar pelo depoimento por escrito nos autos do Inquérito 4.831.
De acordo com o ministro, o presidente Jair Bolsonaro manifestou interesse em prestar depoimento. Bolsonaro, entretanto, pediu que lhe fosse concedido o direito de marcar o local e data da presença dele na Polícia Federal.
O inquérito apura a denúncia do ex-ministro Sergio Moro, de que o presidente teria supostamente interferido na Polícia Federal. Em setembro do ano passado, o ministro Celso de Mello, relator do inquérito, decidiu que Bolsonaro deveria depor presencialmente. A decisão foi contra o Código do Processo Penal, que concede ao presidente da República, na condição de testemunha em uma investigação, a prerrogativa de prestar depoimento por escrito.
O julgamento foi iniciado em 2020, mas foi suspenso após o ministro Celso de Mello afirmar que não seria admissível a concessão de “privilégios” e “tratamento seletivo”. Bolsonaro então, por meio da AGU (Advocacia-Geral da União), abriu mão de se justificar pessoalmente sobre a suposta interferência e recusou oficialmente a possibilidade de defesa.
Alexandre de Moraes, que substituiu Celso de Mello na relatoria, negou o pedido do presidente para não depor, afirmando que caberá ao plenário definir como será o interrogatório, se presencial ou por escrito.
Bolsonaro nega interferência na Polícia Federal, apesar de tentar forçar a substituição do chefe da corporação no Rio de Janeiro, base eleitoral do presidente e de dois dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), após investigação.