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Entenda o caso do assassinato de um homem negro e neurodivergente por agentes da Polícia Rodoviária Federal

Em 2020, os Estados Unidos pararam com o assassinato de George Floyd. Muitos outros países manifestaram solidariedade, protestos foram feitos e figuras públicas do mundo todo se mobilizaram. Dois anos depois do assassinato de Floyd por parte de agentes policiais, em da BR-101, outro caso chocante: Três agentes da Polícia Rodoviária Federal trancam um homem negro no carro e jogam dentro gás-lacrimogênio, transformando o veículo em uma câmara de gás e levando à morte de Genivaldo de Jesus Santos (38).

Além disso, o suposto motivo inicial da abordagem foi porque Genivaldo pilotava uma moto sem o capacete.

“Eles [Policiais] não são pessoas comuns, são agentes que detém o monopólio legítimo do uso da força, isso deveria significar responsabilidade com esse poder, mas o que vemos é o abuso disso, principalmente se do outro lado está uma pessoa pobre, periférica e negra”, disparou o mestre em ciências políticas e criador de conteúdos no Podcast Política é Massa, Caio Santos. 

Caio também lembrou que casos como esse estão aumentando disparadamente no Brasil. Isso devido a impunidade e a manutenção de um sistema político que não valoriza todas as vidas. “Sempre vai existir a negação dessa realidade, mas os casos de violência se amontoam a cada ano e historicamente praticamente ninguém é punido”, ressaltou. Ele relembrou também outros “casos isolados” de violência policial que ficaram impunes.

Boletim da PRF

De acordo com o boletim emitido pela PRF, os agentes usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo após “o abordado apresentar resistência”. Poucos dias depois, a PRF soltou uma nota de “Indignação” pelo ocorrido, mas afirmou que a situação seria uma “fatalidade” e “desvinculada da ação policial”. “Tentam justificar a barbárie como uma reação a uma suposta conduta ruim. Porém temos que deixar claro que os policiais representam o Estado brasileiro”, comentou Caio, sobre a resposta da PRF. 

Além disso, o laudo da investigação aponta que as substâncias usadas contra Genivaldo foram semelhantes a de uma granada de gás lacrimogêneo.

“Vimos nesse caso um completo absurdo, uma desumanização de uma pessoa”, destacou o cientista. Para Caio, a relação entre a polícia e o povo brasileiro está cada vez mais turbulenta e há uma espécie de “acordo em comum” entre os agentes de segurança e os representantes políticos que ações violentas são necessárias.

No site oficial da PRF não há nada sobre o ocorrido e nenhuma matéria nova publicada desde o dia da abordagem (25/05). Além da nota de indignação, a organização não se pronunciou.

Caso Genivaldo

Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi interceptado pela Polícia Rodoviária Federal no dia 25 de maio, na BR-101, a cerca de 100km de Aracaju, em Sergipe. As coisas começaram a fugir do controle quando, em “medida de segurança” pelo “abordado apresentar resistência”, os policiais fecharam Genivaldo no porta-malas do carro da PRF e jogaram gás-lacrimogêneo e spray de pimenta dentro, levando à morte de Genivaldo. Toda a ação ocorreu em plena luz do dia, enquanto transeuntes gravavam a cena.

Genivaldo tinha diagnóstico de esquizofrenia e no momento da abordagem estava sob posse de remédios controlados e suas respectivas receitas. Além disso, Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia foram, os agentes identificados pela PRF, estão sendo investigados.

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