Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom

“O depoimento foi sofrível”, diz Renan Calheiros sobre testemunho de Pazuello

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, participou nesta quinta-feira (20) do segundo dia de testemunho para a CPI da Covid. A reunião da quarta-feira foi interrompida por questões de saúde de Pazuello, que sofre de uma síndrome vasovagal e teve queda de pressão.
“O depoimento do ministro Pazuello foi verdadeiramente sofrível. Ele fez um exercício para não responder as perguntas que foram colocadas. Quando as respondia, respondia com imprecisão. Infelizmente, ele mentiu muito”, disse o relator da CPI, Renan Calheiros, em entrevista coletiva após o depoimento.
Durante seu depoimento, Pazuello tentou resguardar o presidente Jair Bolsonaro das acusações sobre tratamento precoce e uso da hidroxocloroquina, falando que em momento algum o presidente interferiu durante sua gerência como Ministro da Saúde. “Nós sabemos como é o nosso presidente da república. Ele fala de improviso, ele fala de pronto, o que vem na cabeça e algumas coisas precisam ser corrigidas depois”, disse Pazuello sobre as falas do presidente Bolsonaro.
Para Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, o ex-ministro foi o “campeão das mentiras” entre as pessoas que prestaram testemunho durante a investigação.
“O senhor está aqui claramente protegendo uma pessoa: o presidente da República. Seria melhor o senhor colaborar mais diretamente com esta Comissão Parlamentar de Inquérito porque ficou claro aqui de quem foi a responsabilidade sobre toda essa tragédia que estamos vivendo”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice presidente da comissão da CPI.
Durante seu depoimento, Eduardo Pazuello comentou sobre a crise da saúde pública em Manaus, na Amazônia, e afirmou que o governo de Jair Bolsonaro chegou a discutir a possibilidade de uma intervenção do governo durante a crise do sistema de saúde, mas que desistiu depois de ouvir o governador Wilson Miranda Lima.
“A intervenção não foi feita porque chegou-se à conclusão de que o governo do estado tinha condições de continuar à frente da saúde. A argumentação, em tese, é que o estado tinha condição de continuar fazendo a resposta”, disse o ex-ministro. “Em tese, mas a argumentação eu não tenho aqui. O resumo é que tinha condição de continuar fazendo frente à missão”, completou.
Entretanto, em nota emitida nessa quinta-feira (20), o governador do estado da Amazônia afirmou que, em momento algum, recusou qualquer ajuda em relação às ações de enfrentamento ao coronavírus.
A nota afirma que pediu sim a colaboração federal para auxiliar a crise devido à pandemia. “Esse apoio foi ampliado com a instalação do Comitê de Resposta Rápida, formado por representantes do Governo do Estado, Governo Federal e Prefeitura de Manaus, para enfrentar a crise que se agravou no Amazonas no início de janeiro de 2021”, disse em nota.

CoronaVac
O ex-ministro foi bastante questionado durante seu depoimento sobre o anúncio de cancelamento da compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac a pedido do Presidente da República.
Na época, o presidente Bolsonaro afirmou que já tinha mandado cancelar a compra, afirmando que o presidente era ele e que não abria mão de sua autoridade. Em seguida, Bolsonaro apareceu em live nas redes sociais com o ex-ministro, Eduardo Pazuello, que afirmou que “um manda e o outro obedece”.
Sobre isso, Pazuello afirmou que o presidente “nunca” falou diretamente com ele para que a CoronaVac não fosse comprada. Segundo o ex-ministro, a demora da compra das vacinas foi motivada pela ausência de uma medida provisória que permitisse a compra. “O que não houve é a interferência no processo. Não podia, não havia compra, não havia contrato. A intenção de compra foi mantida”, afirmou.
Após mais de 7 horas de depoimento, a CPI da Covid encerrou o segundo dia do mais esperado testemunho da CPI, do ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello, homem que ficou mais tempo no poder do ministério da saúde durante a gestão da pandemia.

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