Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Coronel Élcio Franco é questionado sobre atraso na compra das vacinas e nega atuação negacionista
A Comissão Parlamentar de Inquérito da pandemia ouviu, nesta quarta-feira (9), o coronel Élcio Franco, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde na época da gestão de Eduardo Pazuello.
O militar é investigado, junto com o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a demora da compra de vacinas para o tratamento da covid-19, além do uso de medicamentos que não tem eficácia no tratamento do vírus.
Sobre a hidroxicloroquina, Élcio Franco afirmou que a compra “foi para atendimento dos programas que o ministério conduz, como tratamento anti-malária, como lúpus e artrite reumatoide”.
“Identificamos que, para atender ao programa antimalária, em 30 de abril em 2020, foi assinado um termo com a Fiocruz no valor de R$ 50 mil visando a aquisição desse fármaco para o programa antimalária”, afirmou durante o depoimento.
Em uma reportagem da Folha de S. Paulo, mais de 3 milhões de comprimidos da hidroxicloroquina foram desviados do tratamento da malária pelo Ministério da Saúde para o combate à pandemia.
O que foi contestado posteriormente em nota emitida pelo Itamaraty, que confirmou que as doses do medicamento foram recebidas para serem utilizadas na “luta contra o coronavírus”. Além disso, o militar afirmou que, “com relação ao tratamento precoce, não era orientação do Ministério”.
Sobre as compras das vacinas da Pfizer, o senador Randolfe Rodrigues apresentou as investigações onde mostravam que 53 e-mails da companhia foram ignorados. Sobre isso, Franco afirmou que a empresa reencaminhava muitas vezes o mesmo e-mail para o ministério, além de dizer que um vírus invadiu o sistema do Ministério, o que teria deixado a caixa de entrada inoperante.
Além disso, ele afirmou durante o depoimento que a Pfizer ‘não confiava no que estava oferecendo’, por isso teriam ficado reticentes a compra das vacinas. “Nos pareceu que ela queria se isentar da responsabilidade sobre o efeito colateral grave. Nem ela confiava no que ela estava oferecendo para a gente”.
Coronavac e Butantan
Durante o depoimento, Élcio Franco afirmou algumas vezes que a compra da Coronavac não foi efetuada porque estava na fase 3 de testagem, a qual afirmou ser um “cemitério de vacinas”.
Porém, ele afirmou que “não houve, em momento nenhum, cancelamento das tratativas para aquisição da vacina e acompanhamento de seu desenvolvimento”, o que contraria o que foi apresentado pelo Instituto Butantan, que ressalta a pausa das negociações por dois meses.
Durante à CPI, foi apresentado um vídeo do presidente Jair Bolsonaro, no qual ele afirmava que tinha mandado cancelar a compra da Coronavac. Sobre isso, Franco afirmou que “não há nenhum documento de intenção de não prosseguir nas negociações”.
Quando questionado se o Butantan estava mentindo sobre o cancelamento das compras, Franco afirmou que acredita que houve uma “diferença de percepção” entre o Ministério e o Instituto.