Foto: Reprodução/Twitter – Joel Luiz Costa

A segunda maior chacina do Rio de Janeiro tem levado moradores a protestarem

A ex-presidente Dilma Rouseff utilizou hoje o Twitter para desaprovar as falas do vice-presidente, general Hamilton Mouro sobre a ação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. O vice-presidente afirmou que os 24 moradores mortos – até então – eram todos bandidos, no entanto não apresentou nenhuma prova em sua fala.

“Tudo bandido. Entra um policial numa operação normal, leva um tiro na cabeça de cima de uma laje. Lamentavelmente essas quadrilhas do narcotráfico são verdadeiras narcoguerrilhas”, disse Mourão.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro vai peticionar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da operação na zona norte da capital, considerando que o Supremo havia decidido restringir as operações durante a pandemia da Covid-19. Caso houvesse qualquer ação policial, ela deveria ocorrer em situações excepcionais e com medidas preventivas para reduzir a letalidade.

A fala do vice-presidente tem gerado revolta nas redes sociais e consequentemente impactou a ex-presidente que fez questão de demonstrar o seu desconforto:

“A chacina no Jacarezinho, durante a pandemia com já 420 mil mortes, mostra um País em completo desgoverno onde reina a ignóbil e distorcida mentalidade expressa na frase do general Mourão: ‘mas, são todos bandidos”, escreveu Dilma Rousseff no Twitter.

Repercussão na imprensa internacional

Neste sábado o número de mortos subiu para 29 e diversos jornais internacionais têm repercutido as mortes como uma chacina. O jornal The New York Times destacou que “Num estado e num país em que a polícia mata com frequência e com impunidade, o número de mortes na operação pode ser um recorde”. Na capa do The Guardian, a violência que ocorreu no Rio de Janeiro ganhou destaque, segundo o jornal a operação viola a decisão da justiça e é uma das mais letais da cidade.

“Operação Exceptis” é o nome da força-tarefa, que tinha como objetivo investigar o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas, como assassinatos, roubos e até sequestros. A polícia afirma que o tráfico que ocorre na região tem táticas de guerrilha e conta com um armamento pesado.

Direitos Humanos

Por outro lado, os moradores afirmam que os suspeitos foram encurralados e executados. O questionamento se sustenta quando a lista da polícia contava com 21 nomes de pessoas suspeitas, onde apenas três foram presas e outras três mortas, ao menos treze mortos na “operação” não tinham qualquer relação com a investigação.

“A Polícia Civil não age na emoção. A operação foi muito planejada, com todos os protocolos e em cima de 10 meses de investigação”, afirmou Rodrigo Oliveira que é delegado e subsecretário operacional da Polícia Civil.

O porta-voz dos Direitos Humanos da ONU, Rubert Colville, relembrou em uma entrevista coletiva em Genebra que há um histórico de uso desproporcional e desnecessário da força policial e chamou a atenção sobre o fato dos locais das mortes não terem sido preservados, considerando que diversas imagens estão repercutindo na imprensa onde policiais civis estão carregando corpos.

O questionamento que fica é: Como uma operação tão planejada terminou com 29 corpos?

Tal pergunta junto a revolta e a injustiça, é o que tem levado diversos moradores a e ONG’s a protestarem. Frases como “a favela não pode ficar calada”, “parem de nos matar” e “para nós só tiro, fome e morte” tem ganhado as ruas e fez parte de manifestações que ocorrem dentro da própria comunidade e na frente da central da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

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