Foto: ADRIANO MACHADO / Reuters
Prevent Senior é acusada de uso de remédios ineficazes em testes para Covid-19 e manipulação de registros de óbitos
Nessa quinta-feira (16), a Globo News divulgou que recebeu um dossiê com documentos e print de conversas, dizendo que a operadora de saúde Prevent Senior, teria realizado um estudo com pacientes para comprovar a eficácia do chamado kit covid (ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina).
Segundo os dados, médicos teriam sido coagidos pela operadora a realizarem a pesquisa sem o consentimento dos pacientes e seus familiares, além de terem adulterado o registro de óbitos dos envolvidos na pesquisa, denúncia no
qual esta sendo investigada pela CPI da Covid-19 e pelo Ministério Público de São Paulo.
De acordo com a reportagem, esse dossiê teria sido enviado por médicos e exmédicos da Prevent Senior, no qual dentro dele contém planilhas com os nomes e as informações de saúde de todos os envolvidos no estudo. Nove deles teriam morrido durante a pesquisa, mas os autores só teriam mencionado duas mortes.
O documento ainda menciona que a utilização desses medicamentos foi tratada entre a Prevent e o presidente Jair Bolsonaro, que comemorou os resultados no Twitter, mas que também não divulgou os verdadeiros números. Um médico que trabalhava na Prevent e tinha um contato próximo com os diretores da operadora na época, afirmou que o estudo foi manipulado para demonstrar a eficácia da cloroquina. Segundo ele, o resultado já estava pronto bem antes do término do estudo.
Os áudios e conversas por aplicativos de mensagens reiteram uma suspeita de fraude durante as etapas do processo de testagens dos medicamentos. A Prevent Senior, em seu pronunciamento, diz que “sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais e, sobretudo, com muito respeito aos beneficiários’’.
A pesquisa com os pacientes teve início em 25 de março de 2020, e foi mostrada uma conversa em que o diretor da Prevent Senior, Fernando Oikawa, fala pela primeira vez sobre o estudo e orienta os médicos e funcionários a não avisar os pacientes e familiares sobre a medicação. “Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, sobre a medicação e nem sobre o programa”, dizia a mensagem do diretor da Prevent.
Dos nove pacientes que morreram, seis estavam no grupo que ingeriu hidroxocloroquina e azitromicina. Outros dois estavam no grupo que não ingeriu as medicações. Há um paciente que a tabela não informa se ingeriu ou não a medicação. Houve, portanto, pelo menos o dobro de mortes entre os participantes que tomaram cloroquina. Números que não foram informados.