Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Luis Ricardo Miranda relatou ter avisado o presidente sobre suspeitas na importação da vacina indiana

A Comissão Parlamentar de Inquérito da pandemia ouviu, nesta sexta-feira (25) o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Fernandes Miranda, ex-chefe de Importação do Departamento de Logística, que estaria responsável pela compra do imunizante indiano.

Miranda foi ouvido ao lado do irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), e afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que teve uma pressão atípica para que aprovasse a importação de doses da vacina Covaxin.

A CPI tem investigado o contrato do Ministério da Saúde com a empresa Precisa Medicamentos, a intermediária da empresa indiana que desenvolveu a vacina Covaxin.

O medicamento teria sido comprado por R$ 80,70 a dose, fechando o contrato com 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão. O que teria sido um preço excedente, considerando que a vacina AstraZeneca, por exemplo, custou R$ 19,87 a dose.

Miranda afirmou em seu depoimento que teria avisado o presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre as supostas irregularidades contratuais. Segundo ele, Bolsonaro teria afirmado que acionaria a Polícia Federal para investigar o contrato.

“A gente levou até a casa do presidente, conversamos com ele, mostramos todas as documentações, as pressões, e ele ficou de, após a reunião, falar com o chefe da Polícia Federal para investigar. Isso foi no dia 20 de março”, afirmou Luis Miranda durante a CPI.

Entretanto o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), pediu na quarta-feira ao delegado da Polícia Federal que acompanha os trabalhos da comissão para apurar a existência de algum inquérito contra a Covaxin aberto pelo presidente.

Ontem, os senadores afirmaram que não houve nenhuma solicitação de investigação.

O deputado Luís Miranda afirmou que, depois da primeira comunicação com o planalto mostrando os indícios de corrupção na compra das vacinas indianas, ele tentou novamente contactar Bolsonaro sobre os imunizantes estarem perto do prazo de validade, e ele afirmou que “nunca mais conseguiu falar com o presidente”.

Além disso, o deputado disse que a semana de denúncia da compra coincidiu com a queda de Pazuello do Ministério da Saúde.

“Pazuello disse pra mim que foi literalmente expulso”, disse o deputado. “Vejo o Pazuello como uma pessoa que tentou destruir qualquer esquema, mas não conseguiu”, afirmou Luís Miranda.

O ministro Onyx Lorenzoni anunciou, depois das denúncias sobre a compra das vacinas Covaxin, que o governo vai pedir para que a PF, a CGU e a PGR investiguem o deputado Luís Miranda e seu irmão, servidor do Ministério da Saúde.

Onyx afirmou que os documentos apresentados para a CPI foram adulterados, e afirma que Bolsonaro foi vítima de denúncia caluniosa por parte do deputado Luís Miranda.

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