Foto: Folhapress / Sérgio Lima

MP apura caso de vacinação clandestina de servidores das Forças Armadas

O Ministério Público Federal (MPF), verificou que 130 servidores da Agência Brasileira de Inteligência foram vacinados secretamente contra a Covid-19. De acordo com as investigações, o esquema teve interferência do Exército que participou diretamente para que a imunização ocorresse, por mais que não estivesse autorizada.

Conforme reportagem divulgada pelo Folha de S. Paulo, foi enviada ao Exército uma lista secreta com nomes dos servidores da Abin que deveriam ser vacinados de maneira sigilosa com todos os outros militares da ativa das três Forças Armadas, que foram priorizados na imunização.

O MPF apresentou documentos que podem provar que os servidores de fato receberam as doses da vacina.

Em uma reunião organizada pela procuradora-geral da República da Ana Carolina Roman, que é responsável pelas investigações, a técnica do PNI Caroline Gava, afirma que é difícil afirmar se a vacinação aconteceu realmente.

“Tivemos esclarecimento com o GDF [governo do Distrito Federal]. A coordenação de imunização entrou em contato conosco, perguntando sobre esses profissionais [da Abin]. No PNI, esses profissionais não estariam contemplados, por não disporem de ações diretas [relacionadas à atuação em segurança]”, pontua. “Se ocorreu a vacinação prioritária, a gente não tem como responder.”

Na semana posterior, o então diretor Departamento de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, que estava presente na reunião também, foi desligado do cargo. O servidor é suspeito de participar de um mercado paralelo de vacinas junto à pasta da Saúde.

A investigação

O secretário de saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, em um ofício enviado ao MPF alegou que “houve o pleito de vacinação por parte da associação dos servidores da Abin para vacinação de 130 profissionais a serem contemplados, considerando o critério de exposição de risco epidemiológico decorrente do trabalho por parte desses servidores”.

Segundo o documento, a vacinação ocorreu na Praça dos Cristais, em Brasília, em uma parceria entre a secretaria e o Comando Militar do Planalto, do Exército e revela que a escolha dos vacinados foi realizada considerando “a importância da discrição quanto ao sigilo das atividades e nomes desses servidores”.

Foi constatado ainda pelo MPF que o Ministério da Defesa atuou para que todos os militares da ativa do Exército, Marinha e Aeronáutica fossem vacinados contra a Covid-19 como grupo prioritário no Distrito Federal. Essa decisão de priorizar os 29,6 mil homens e mulheres da ativa burlava as notas técnicas do Ministério da Saúde.

Resposta da Abin

O diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, afirmou ao MPF que a vacinação dos agentes atendeu a uma “iniciativa exclusiva” da Associação Nacional dos Oficiais de Inteligência. Ramagem e a associação dos servidores da Abin defendem que grupo continuou a trabalhar presencialmente durante o período de pandemia.

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