Foto/Divulgação: Nirvana
Spencer Elden diz que não tinha idade para consentir a veiculação da foto e não foi pago pelo uso dela
Uma das capas de disco mais conhecidas do rock está envolvida em um processo por exploração sexual. Spencer Elden, o bebê que aparece nadando nu na capa de Nevermind, álbum do Nirvana, de 1991, está processando a banda sob a alegação de que foi produzida pornografia infantil.
De acordo com o The Guardian, o processo corre em um tribunal distrital da Califórnia e são réus na ação os membros ainda vivos da banda, a viúva de de Kurt Cobain, Courtney Love, e as gravadoras que lançaram ou distribuíram o álbum.
Elden tinha quatro meses quando a foto foi feita e, de acordo com ele, a imagem produziu “danos ao longo da vida” dele como “sofrimento emocional extremo e permanente com manifestações físicas”.
Fotos não sexualizadas de bebês nus não são consideradas pornografia infantil de acordo com a lei dos EUA. No entanto, Robert Y. Lewis, o advogado de Elden, acredita que pode vencer o processo graças a uma interpretação incomum da imagem. Ele argumenta que a foto ultrapassa os limites da pornografia infantil porque a inclusão de dinheiro faz com que o bebê pareça “um trabalhador do sexo”
Em 2016, Elden recriou a imagem para o jornal New York Post como forma de comemoração dos 25 anos da banda. Na época ele chegou a demonstrar insatisfação com a foto.
“E se eu não estivesse bem com meu maldito pênis sendo mostrado para todo mundo?’ Eu realmente não tive escolha”, afirmou ao jornal.
Spencer completou 30 anos, está pedindo pelo menos US$ 150 mil (cerca de R$ 787 mil) de indenização de cada um dos alvos do processo, que incluem os membros sobreviventes do Nirvana, até Chad, antigo baterista, o fotógrafo e todo mundo que trabalhou no álbum estão no processo.
Na época a gravadora queria censura a capa, mas Cobain insistiu supostamente dizendo que a única alteração que consideraria fazer seria cobrir o pênis do bebê com um adesivo dizendo: “Se você se ofender com isso, deve ser um pedófilo enrustido”. A gravadora, é claro, optou por lançá-lo sem o adesivo sugerido por Cobain.
A arte do álbum é interpretada por muitos fãs como cômica, que sugere satiricamente que a banda, que havia assinado com uma grande gravadora para o álbum, estava em busca de dinheiro.
O fotógrafo Kirk Weddle, responsável pela imagem, disse ao jornal britânico em 2019.
“Ainda estou em contato com Spencer. Eu costumava pensar: ‘Cara, quando aquele garoto tiver 16 anos, ele vai me odiar!’ Ele não sabe, mas está em conflito com a imagem. Ele sente que todo mundo ganhou dinheiro com isso e ele não. Acho que ele merece algo. Mas são sempre as gravadoras que ganham dinheiro.”