foto: Divulgação/Universal Pictures
Uma animação cativante que mergulha na aventura de Ruby em busca de aceitação e autodescoberta
Em termos gerais, é seguro afirmar que a adolescência é uma fase, no mínimo, peculiar. Seja pelas visíveis alterações físicas ou pela avalanche de sentimentos que alternam entre nos fazer sentir as melhores pessoas do mundo ou as criaturas mais desafortunadas do universo.
Tudo isso, aliado a uma rotina que nem sempre é fácil, que envolve o ensino médio e todas as implicações que o convívio com outros indivíduos da mesma faixa etária podem trazer.
Adicione à já complexa equação o fato de pertencer a uma família de monstros marinhos gigantes, que optou por se mudar para a superfície, sob a identidade de cidadãos canadenses, a fim de escapar de supostas criaturas terríveis que habitam as profundezas do oceano.
Essa é a trama de “Ruby Marinho – Monstro Adolescente” (Ruby Gillman – Teenage Kraken), o novo filme de animação da DreamWorks, que continua a entregar trabalhos originais e extremamente eficazes no campo da animação.
A história se passa em Cabo Fresco, uma cidade litorânea fictícia da Flórida, onde Ruby (voz de Lana Condor, na versão original / Agatha Paulita, na versão brasileira) vive com sua mãe Ágatha (Toni Collette /Adriana Pissardini), seu pai Arthur (Colman Domingo / Mauro Ramos), seu irmão mais novo Sam (Blue Chapman/ Lorenzo Galli) e Nessie, a criatura de estimação da família, que parece amigável e inteligente. Aos 15 anos, a jovem enfrenta o dilema de querer participar do baile escolar que acontecerá em alguns dias, mas não tem permissão para ir, devido ao fato de a celebração ocorrer em alto-mar.
Obviamente, após um incidente envolvendo Connor (Jaboukie Young-White / Gabriel Santana), a paixão platônica de Ruby, ela não segue a orientação dos pais e descobre segredos de família que implicam, inclusive, na revelação de poderes quando ela se transforma em um kraken gigante.
O roteiro de Pam Brady, Brian C. Brown e Elliott DiGuiseppi consegue transformar a simplicidade em sua maior jogada. Acompanhamos a jornada incomum de Ruby em busca de aceitação entre os seres da superfície (além do “Esquadrão Solidário”, seu pequeno grupo de colegas de classe), ao mesmo tempo em que tenta atender às expectativas de sua avó materna, a Rainha dos Sete Mares (Jane Fonda / Patricia Scalvi), que será sua mentora nessa nova fase de autodescoberta.
Tudo se torna ainda mais urgente com a chegada de Chelsea Van Der Zee (Annie Murphy / Giovanna Lancellotti), que, aos olhos dos outros, é apenas a garota popular que aparece em qualquer produção que envolva histórias de adolescentes na escola. No entanto, para Ruby, ela revela ser uma sereia, uma criatura vista como uma oponente perigosa pelos krakens, desde a Batalha do Tridente, ocorrida pouco antes do nascimento da protagonista.
Dirigido por Kirk DeMicco e Faryn Pearl, o filme de animação apresenta personagens secundários memoráveis, como o desconfiado Capitão Gordon Lighthouse (Will Forte / Luiz Carlos de Morais) – que tem uma das falas mais engraçadas do filme – e seu carismático companheiro de aventuras, Dave – um caranguejo que, embora não fale, tem expressões e maneirismos encantadores. Também temos Bagre (Sam Richardson / Rodrigo Araújo), tio de Ruby, que é tão desajeitado quanto bom de coração.
O destaque, como era de se esperar, vai para a qualidade visual da obra, que apresenta cenários deslumbrantes, tanto em locações na superfície quanto em sequências subaquáticas, onde a luminosidade acrescenta beleza e detalhes aos elementos.
A previsibilidade da narrativa não diminui em nada a qualidade de “Ruby Marinho – Monstro Adolescente”. Não é sempre necessário um grande plot twist para proporcionar um desfecho satisfatório. E, nesse caso, assim como no período que antecede a temida vida adulta, é reconfortante saber que, depois das turbulências, ainda haverá espaço para finais que trarão um sorriso ao nosso rosto.
*Título assistido em Pré estreia promovida pela Universal Pictures.