Foto: Alan Santos/PR

Servidores afirmam que o pedido teria sido feito pelo presidente ao ministro da Educação, Milton Ribeiro

Na segunda-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista na Expo Dubai que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passará a ter “a cara do governo”. Dentre as medidas para garantir que isso ocorra, houve o pedido do presidente ao ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, de que as questões da prova do Enem se refiram ao Golpe Militar de 1964 como “revolução”.

Ribeiro teria comentado o pedido com equipes do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsáveis por coordenar a elaboração da prova. Entretanto, o pedido não foi levado adiante – segundo integrantes do governo.

Com um histórico evidente de defesa da ditadura militar (1964-1985), Bolsonaro já criticou em outras ocasiões a abordagem do Enem e afirmou se tratar de uma prova com uma visão de esquerda. Desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, não houve nenhuma questão sobre a ditadura nas avaliações do Enem. MEC, Inep e Palácio do Planalto não se pronunciaram sobre o caso.

O Enem 2021 está previsto para ser aplicado em dois domingos, nos dias 21 e 28 de novembro. Mas 13 dias antes do início da aplicação da prova, o MEC enfrentou uma crise com o registro da exoneração de 29 servidores. Os funcionários se desligaram da instituição por motivos de “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep”. Os pedidos de desligamento se somam a duas outras demissões que haviam ocorrido na semana anterior, totalizando 31 saídas do instituto.

Segundo denúncia da Associação de Servidores do Inep (Assinep), o presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, promoveu um desmonte do órgão, tomou decisões sem critérios técnicos e interferiu no conteúdo das provas. Ribeiro é também acusado de assédio moral, servidores descrevem o ambiente de trabalho do instituto como “insuportável”.

Membros do setor educacional e técnicos do Inep têm criticado a gestão de Dupas Ribeiro por assédio moral e omissão. De acordo com os servidores do instituto, exames como o Enem se encontram em risco diante da gestão atual.

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