Marsha P. Johnson, História Queer

A ativista que enfrentou opressão policial e lutou contra uma sociedade que negava sua existência

Marsha P. Johnson foi uma ativista norte-americana nas décadas de 1960 e 70, numa época em que ser gay nos Estados Unidos era classificado como doente mental. Os homossexuais da época eram ameaçados e espancados pela polícia constantemente, além de serem evitados por toda a sociedade.

Ela nasceu em 24 de agosto de 1945, na cidade de Nova Jersey, Estados Unidos. Era uma mulher trans, negra e pobre, que decidiu, no ano de 1963, se mudar para Nova York, carregando consigo uma sacola de roupas e $15 dólares, em busca de uma vida com mais dignidade, trabalhando em restaurantes e no meio artístico.

Já em Nova York, Marsha trabalhou em alguns restaurantes, até se mudar para Greenwich Village, onde se identificou como uma mulher trans e drag queen, adotando o nome artístico de Black Marsha.

Marsha sempre dizia que o “P” em seu nome social significava “Pay it no mind” – tradução livre como “Não se preocupe” – uma frase muito usada na época para mascarar a dor dos comentários negativos sobre sua aparência ou escolhas de vida.

No dia 28 de junho de 1969, Marsha não aceitou mais uma das várias invasões policiais no Bar Gay Stonewall Inn, que recebia periodicamente visitas da polícia para prender e espancar injustamente as pessoas que frequentavam o lugar.

Johnson, que trabalhava nas ruas e lidava constantemente com ataques violentos das autoridades, passou a protestar contra a prisão e perseguição de seus “irmãos e irmãs gays”, exigindo a libertação dos mesmos.

Ela foi a primeira a iniciar a resistência violenta contra a ação da polícia, e o confronto durou seis dias, conhecido hoje como a Batalha de Stonewall. A partir desse ponto, Marsha P. Johnson se destacou como uma ativista e líder do movimento LGBTQIA+.

Marsha como ativista

Os protestos que se seguiram após Stonewall impulsionaram a criação de diversos movimentos na busca de direitos, inclusive a que foi conhecida mundialmente como a primeira Parada Gay, na época chamada de Dia da Libertação Gay da Rua Christipher.

Marsha fundou, junto com outros integrantes, incluindo sua grande amiga e também ativista Sylvia Rivera, a Frente de Libertação Gay e a Ação Revolucionária das Travestis de Ruas (S.T.A.R). A STAR fornecia abrigo, comida e roupa para jovens trans e drags em situação de necessidade na Greenwich Village.
Johnson, além de lutar incansavelmente pelos direitos gays, também fez sua parte para o movimento pelos direitos de pessoas transexuais e travestis. Marsha P. Johnson era o rosto do movimento pelos direitos dos transgêneros.

Marsha nunca teve uma vida fácil. Por conta da pobreza e a falta de emprego por ser uma mulher trans, ela teve que se prostituir para conseguir sobreviver. Por conta disso, passou o restante de vida, após o fim do STAR, lutando contra a AIDS.

Vida e morte

Marsha P. Johnson foi encontrada morta em julho de 1992, no rio Hudson. A polícia não investigou a causa da morte, declarando o óbito como suicídio.

Houve diversas manifestações nas ruas exigindo que o caso tivesse maiores investigações pela suspeita de assassinato, mas o caso nunca foi investigado e solucionado.
Até hoje sendo ignorada pelo Estado americano.

Em uma entrevista para a revista OUT, o escritor e especialista em cultura queer Hugh Ryan afirmou que “Marsha se transforma em um símbolo para ‘todas’ as pessoas queers – mas esse ‘todas’ quase sempre significa as experiências universalizadas de homossexuais brancos. A dor específica da Marsha, seu sofrimento, fica em segundo plano. É por isso que conhecemos o sorriso da ativista, mas não os pensamentos que passavam por sua cabeça. É por isso que lembramos de Johnson como mártir, mas pouco falamos sobre as causas pelas quais ela lutou”.

Hoje em dia, Marsha é conhecida como o motivo da existência do Mês do Orgulho, além de uma das fundadoras de uma das maiores manifestações por direitos sociais do mundo, a Parada do Orgulho LGBTQIA+.

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