O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, cancelou a portaria do Conselho Nacional do Ministério Público, que criou um grupo de trabalho para acompanhamento do caso que investiga o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

De acordo com Aras, a Polícia Federal estava com suas investigações bastante avançadas.

Desse modo, a atuação de um grupo de trabalho no monitoramento do caso de Dom e Bruno seria dispensável.

A príncipio, a Polícia Federal conseguiu prender três suspeitos pelo assassinato de Dom e Bruno: o pescador, Amarildo Costa, vulgo Pelado, foi o primeiro de todos eles.

De acordo com o relatório da Polícia, Amarildo foi preso em flagrante.

Ainda segundo o alegado pela Polícia, ele estava fazendo ameaças aos indígenas que ajudavam na busca por Dom e Bruno quando eles ainda estavam desaparecidos. 

Outros dois suspeitos pelo assassinato de Dom e Bruno são presos pela Polícia Federal

A Polícia Federal prendeu Pelado no dia 7 de junho por estar envolvido no duplo homicídio. A prisão acontece depois de ele ter confessado a sua participação no crime.

Aliás, foi ele que levou os policiais até o local onde estavam enterrados os corpos de Dom e Bruno.

No entanto, no dia 23 de Junho, um novo suspeito se apresentou as autoridades da PC/SP.

Com ele chegam novas informações ainda que seu depoimento tenha deixado passar algumas contradições graves, inclusive de rota geográfica. 

Gabriel Dantas confessou que estava na lancha quando Pelado executou Dom e Bruno com os tiros.

E disse também que durante a ocultação dos cadáveres, eles foram ajudados por dois homens e que um destes homens, a propósito, era parente de Pelado.

Nesse inteírim, os dois homens em questão foram presos pela polícia antes de Gabriel Dantas se entregar voluntariamente. 

Eles são Oseney da Costa de Oliveira, irmão de pelado, preso em 14 de junho e Jeferson da Silva Lima, preso em 19 de junho.

A ocultação dos cadávares de Dom e Bruno supostamente contou com a participação de ambos.

Todavia, o Tribunal de Justiça do Amazonas negou a prisão temporária de Dantas.

De acordo com o TJ/AM não havia sinais suficientes de sua participação. Além do mais, os juízes entenderam que a sua versão estava desconexa. 

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Portaria que monitorava asssassinato de Dom e Bruno foi cancelada um dia depois de ter sido criada

No dia 21 de junho, Aras criou a portaria mesmo já tendo três suspeitos presos pelo assassinato de Dom e Bruno. O quarto apareceria dali um dia e mesmo assim não seria preso pela Justiça. 

Mas, não durou muito, já que a portaria foi cancelada um dia depois de sua criação, em 22 de junho.

Segundo alguns membros do MP, ela ia além das reais funções da instituição, ao monitorar a atuação de outros órgãos. Este tipo de comportamento viola a repartição de poderes definida na Constituição.

Ao que tudo indica, a Procuradoria-Geral da República cedeu à pressão da opinião pública que já se encontrava inflamada pelo desaparecimento dos ambientalistas e depois, pela confirmação de suas mortes.

A comoção pelo assassinato de Dom e Bruno ainda é grande

Na tarde do domingo de ontem, 26, um ato em homenagem à morte de Dom Phillips e Bruno Pereira reuniu cerca de 50 pessoas nos Arcos da Lapa, um dos principais cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.  

Na oportunidade, os manifestantes relembraram o assassinato de outros ambientalistas, como Chico Mendes, que aconteceu no Acre, na década de 1980.

Aliás, também houveram protestos no velório de Dom Philips, no Parque da Colina, também no domingo, 26. 

A propósito, sua viúva, Alessandra Sampaio, disse ao Terra que a família vai seguir atenta as investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal. 

Por sua vez, o funeral do indigenista, Bruno Pereira, aconteceu na sexta-feira, 24, em Recife.

O ato, a propósito, contou com a presença das duas maiores etnias indigenas de Pernambuco que na oportunidade fizeram, na pessoa de seu representante, um apelo por justiça.

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Aras tenta compensar sua antiga inércia 

São antigos os boatos de que a União dos Povos Índigenas do Vale do Javaria já havia feito denúncias ao MPF inclusive com o envio de um dossiê com provas do assassinato de Maxciel Pereira dos Santos, ainda em 2019.

Por outro lado, o MPF nega que tenha recebido qualquer dossiê.

Entretanto, afirma em nota que entre novembro de 2020 e maio de 2020, a unidade do MPF em Tabatinga, no Amazonas, recebeu dez ofícios da UNIVAJA relatando crimes ambientais. 

Inclusive, no dia 19 de junho, o Procurador-Geral da República fez uma visita à região do Vale do Javari.

Na oportunidade, o próprio Eliézio Marubo, procurador jurídico da UNIVAJA, cobrou ações de Augusto Aras, pela inércia do órgão que representa.

A propósito, Eliézio relembrou as inúmeras denúncias já formuladas perante a instituição mas que seguiam sem resposta.

Augusto Aras, por sua vez, depois de ter deixado a região, disse que voltava para Brasília ‘com disposição para lutar pela Amazônia’. 

Ainda na ocasião, o Procurador-Geral declarou a criação de mais 30 ofícios do MPF na Amazônia, sendo que dez seriam apenas para causas ambientais e indígenas. 

Polícia Federal mira cerca de cinco pessoas no caso Dom e Bruno

De acordo com a Polícia Federal, há cerca de 05 pessoas envolvidas no assassinato de Dom e Bruno, além dos três que já estão presos, mas não revelou suas identidades.

Aliás, a informação coincide com alerta feito pelos indigenistas, indígenas e pela própria Marina Silva: a existência de um elo entre as mortes de Dom e Bruno e a atuação de uma organização criminosa. 

Isso porque a conclusão da PF foi que Pelado agiu sozinho, sem mandantes por trás de seus atos.

Contudo, indigenistas e especialistas da área contestaram a conclusão da Polícia. Inclusive, a Univaja já tinha feito denúncias contra essa suposta organização criminosa por crimes ambientais, como invasões. 

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Relembre o desaparecimento de Dom e Bruno

Inicialmente, a UNIVAJA e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) noticiaram no dia 05 de junho, o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira.

Atualmente, Dom era jornalista britânico e trabalhava no Brasil divulgando matérias de impacto. Já Bruno era indigenista e ambientalista,

Dois dais depois acontece, enfim, a primeira prisão.

A Polícia prende Pelado em uma abordagem e o encontra na posse de drogas e uma arma, a que executou Dom e Bruno.

Juntamente com os vestígios de sangue na lancha de Amarildo, a polícia descobre outras pistas e começa a esclarecer o assassinato dos ativistas, ainda em 9 de junho.

Neste inteirím, os agentes de busca acharam os primeiros resquícios de material humano, um dia depois.

Posteriormente, dois dias depois, os agentes também localizam os pertences dos ativistas. A descoberta desses vestígios já indicava prenúncios negativos.

Pouco depois, a polícia acha os restos mortais de Dom e Bruno e confirma a identidade do material. Isso no dia 15 de junho.

Enquanto isso, existem três presos pela morte dos ativistas e, ao que tudo indica, as investigações estão longe de acabar neles três. 

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