Em junho de 2021, o Brasil assistiu a queda do presidente da CBF por denúncias de assédio sexual na alta cúpula do órgão. Na época, Rogério Caboclo estava sendo alvo de denúncias por três funcionárias da CBF. Todas elas foram vítimas de assédio sexual e moral.

Um ano depois, é a vez do presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. Denúncias realizadas por funcionárias do banco, e expostas por Rodrigo Rangel para o Métropoles, apontam as condutas criminosas tanto de Pedro, o número 1, quanto de Celso Leonardo, o número 2.

Recentemente, a atriz Klara Castanho também foi alvo de assédio moral por parte de jornalistas. Eles expuseram de forma violenta não apenas o seu processo de adoção legal mas o motivo de sua gravidez: um estupro sofrido pela atriz.

Estes episódios mostram como a violência contra a mulher pode ser múltipla e como pode ser praticada nas mais diversas esferas da sociedade brasileira. No meio disso tudo, o que já era óbvio, se evidencia: a nocividade do bolsonarismo e o fator decisivo que isto é na corrida presidencial, já a todo vapor.

Rogério Caboclo e o assédio sexual na CBF

No dia 4 de junho de 2021, uma funcionária da CBF denunciou condutas de assédio moral e sexual praticadas pelo então presidente da Confederação, Rogério Caboclo. Na época, a funcionária ocupava o cargo de cerimonialista do órgão e relatou atos inapropriados por parte do seu então chefe.

O Comitê de Ética da CBF não quis reconhecer a conduta de Caboclo como assédio. Entretanto, voltou atrás quando o escândalo foi exposto em rede nacional.

Uma matéria produzida pelo Fantástico, da Rede Globo, na mesma semana da primeira denúncia, deu voz a uma das vítimas. Na ocasião, além de ter mostrado áudios onde Caboclo usa expressões baixas com a funcionária, houve também uma entrevista com ela.

Depois disso, o Comitê de Ética afastou Caboclo por 15 meses. No entanto, uma segunda assembleia geral aumentou este prazo para 21 meses. Agora, ele ficará até o término do seu mandato longe da mais alta posição do órgão. Aliás, já são três denúncias que Caboclo coleciona no Comitê de Ética.

Em outubro do ano passado, uma funcionária da CBF disse ter sido vítima de assédio sexual por parte de Caboclo em uma viagem que fez com ele para Madrid.

Com essa, são três denúncias para Caboclo. A propósito, nessa mesma viagem, de acordo com a vítima, ela teve de fazer reservas no hotel para garotas que não trabavalham na equipe e que não eram a esposa do ex-presidente.

Na paisagem, uma crise envolvendo o Palácio da Alvorada

Na época, Caboclo estava envolvido até o pescoço em uma crise entre a CBF e a Conmebol, a Copa Libertadores da América. Nesta crise, aliás, um de seus protagonistas era ninguém menos que Jair Bolsonaro, o presidente da república.

Bolsonaro confirmou a realização da Conmebol no Brasil e disse ainda, na ocasião, que o país encontrava-se em condições de sediar o evento esportivo. Isso depois de a Colômbia e Argentina terem dito que não queriam recebê-lo em seu território.

O problema era que os países em questão ainda enfrentavam dramas por causa dos números da Covid-19. O posicionamento de Tite, a época técnico da seleção brasileira, contra a realização da copa américa no Brasil, inflamou ainda mais a coisa toda. E ele não foi o único. Além de Tite, Casemiro também demonstrou seu descontentamento.

Depois, em entrevista a Jovem Pan, Caboclo negou qualquer intereferência da presidência da república nas decisões tomadas pela CBF.

Na Caixa Econômica Federal, presidente e vice são alvo de denúncias de assédio sexual

A presidência da república, aliás, é um personagem recorrente na trama do assédio sexual da Caixa Econômica. Isso porque Pedro Guimarães, além de presidente da CEF, também era um dos principais assistentes de palco dos shows de bizarrice de Bolsonaro.

O escândalo na alta cúpula do governo federal começa com o programa Caixa Mais Brasil. Programa, aliás, criado pelo próprio Guimarães. De acordo com ele, o objetivo era levar a imagem da Caixa, Brasil a fora. Assim, o órgão ganhava mais visibilidade para sua gestão e seus financiamentos.

Foram cerca de 140 expedições desde 2019. Em todas, uma comitiva acompanhava Guimarães. Além do mais, haviam celebrações nestas viagens que era onde geralmente aconteciam a maioria dos episódios de assédio.

A denúncias dão conta dos mais diversos tipos, aliás.

Desde seleção tendenciosa das mulheres mais bonitas para as viagens, à convites inapropriados para eventos de sexo coletivo, visitas a quarto de hotel em horas avançadas da noite.

As denunciantes também noticiaram, além das condutas acima, outras como atos de toque, apalpação e uso de palavras de baixo calão.

Da presidência da CEF à assistência de palco: quem é Pedro Guimarães?

Pedro Guimarães é um fã declarado de Jair Bolsonaro e faz parte do seu time de amigos íntimos.

De uns tempos pra cá, além de participação em lives, é possível ver Guimarães com Bolsonaro em viagens importantes do Planalto.

Aliás, Guimarães tem gerado ciúmes em outros titulares de pasta que se sentem ignorados pelo presidente. Isso gerava uma intensa disputa palaciana nos bastidores do governo federal.

Fiel escudeiro de Bolsonaro, Guimarães é protagonista de episódios públicos de assédio moral.

Exemplo de um, aconteceu no dia em que funcionários tiveram de fazer flexões de braço, em um evento do banco, em São Paulo, por ordem sua. Isso lhe gerou, inclusive, mais processos para sua coleção.

A passagem de Pedro Guimarães pelo maior banco público do país é composta por bizarrices, a propósito. Alguns funcionários relataram para a reportagem de Gurgel, que o comportamento de Guimarães era por vezes de um coach.

Por exemplo, o ex-presidente da CEF tinha o hábito se deslocar pelos andares através das escadas da sede do banco, em Brasília. Pelo caminho, ele coletava outros funcionários e os obrigava a percorrer o mesmo trajeto com ele.

Quem disesse não as investidas de Guimarães, com certeza conquistaria alguns dissabores.

O que fala a denúncia de assédio sexual contra Pedro Guimarães?

A primeira denúncia contra Guimarães chegou em Maio, no MPF.

Desde então, os procuradores estão colhendo depoimentos das testemunhas que foram vítimas dos assédios de Guimarães. Ao que tudo indica, o alto escalão do banco tinha conhecimento dos assédios praticados pelo então presidente do órgão.

E que inclusive, havia acobertamento por partes de algumas pessoas.

A verdade é que não era novidade nos corredores do palácio do planalto as condutas vis de Guimarães. Tanto é que o seu projeto de vice-presidência foi frustrado pelo conhecimento que já se tinha sobre as possíveis consequências de um escândalo desse porte.

De acordo com o processo que anda no MPF, existem pelos menos cinco vítimas de Guimarães além de outras que podem aparecer agora com a mídia do caso. Alguns depoimentos já estão agendados para este mês, a propósito.

No dia 29 de junho, poucos depois da publicação da denúncia, Pedro Guimarães pediu demissão da presidência da CEF, em uma concessão dada pelo próprio Bolsonaro.

Mais recentemente, foi a vez do número 2

O pedido de demissão de Guimarães não deixou as vítimas contentes, todavia. Primeiro porque outros membros do seu grupo ficaram em cargos diretivos na CBF. Um deles, foi o número 2, Celso Leonardo.

Isso porque alguns membros não só acobertavam os assédios de Guimarães mas como também o copiavam.

Além do mais, Guimarães teve conhecimento das primeiras denúncias que chegaram na Corregedoria. Logo em seguida, as denunciantes começaram a ser perseguidas e, inclusive, trocadas de posição ou áreas.

Um dos copiadores foi Celso Leonardo, o vice-presidente da CBF, agora ex, já que ele também pediu demissão. Além de ter sido citado nas denúncias contra Guimarães, também foi denunciado por uma funcionária por assédio sexual, o que ele nega prontamente.

Klara Castanho, a sua exposição violenta e mais uma vez, o manto do bolsonarismo

Também na última semana, um caso de violência sexual virou notícia.

No centro, a atriz Klara Castanho em uma trama que envolve desrespeito a ética profissional, atitudes jornalísticas reprováveis e uma notícia que chocou a todos: a atriz havia sido vítima de violência sexual e daí vinha sua gravidez.

Antônia Fontenelle e o polêmico jornalista, Léo Dias noticiaram o caso de entrega de um nascido por Klara Castanho, para adoção.

A gravidez foi resultado de uma violência sexual da qual a atriz foi vítima. Entre um disse me disse, Klara foi exposta e massacrada pela opinião pública.

O processo de adoção legal só foi descoberto porque funcionários do hospital onde aconteceu o parto romperam com o sigilo ético e negociaram a exposição do caso com os colunistas.

Bolsonaristas opinaram de forma inflamada e se colocaram contra o ato de entrega do nascido para a adoção legal. O discurso de ódio da classe bolsonarista vai de encontro com um mesmo que foi propagado no caso da menina de Santa Catrina.

A garota, de apenas 11 anos, estava grávida por conta de um estupro que sofreu. Por isso, e porque a lei permite, a menina abortaria a gravidez. No entanto, o aborto legal foi impedido pela dcisão de uma juíza que não concordava com a operação.

Antônia Fontenelle, aliás, é abertamente bolsonarista e já declarou apoio ao presidente em mais de uma oportunidade.

Leia mais no portal: Klara Castanho: O que aconteceu com a atriz? Entenda a história

Um manto ideológico violento

Bolsonaro é o mesmo presidente que na sua campanha, disse ter fraquejado ao ter tido uma filha mulher. Também é o mesmo homem que disse para uma deputada que não a estuprava, pois ela não merecia. É dentro desse terreno que nasce as condutas de assédio sexual.

Numa união brutal de poder e machismo, a prática criminosa não só se institucionaliza mas é materalizada pelas mãos de bolsonaristas que tenham qualquer nível de visibilidade ou decisão.

São os mesmos que pregam preceitos religiosos seletivos, defendem uma meritocracia as avessas e mais. Defendem a tão ilusória moral e bons constumes.

O que Bolsonaro faz é referendar comportamentos de assédio em especial, contra as mulheres. Seu discurso as coloca numa posição inferior. Suas falas autorizam uma violência que levada a seu último nível, fez uma vítima fatal a cada 7 horas, no país, só no último ano.

Mas, tem uma coisa que Bolsonaro não lembra e talvez seja esse, ironicamente, o prego do seu caixão: as mulheres já representam 53% do eleitorado no Brasil de 2022. Percentual que, a propósito, pode eleger um presidente ainda no primeiro turno.

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