Em 2 minutos, o pronunciamento de Bolsonaro é rápido e não admite derrota e nem condena protestos
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Por: Carlos Becerene
Depois de quase 48 horas do fim das eleições e centenas de protestos em rodovias e cidades, Bolsonaro (PL) realizou um pronunciamento lido e rápido. Às 16 horas, no horário de Brasília, o atual presidente entra ao vivo para jornalistas no Palácio da Alvorada e realiza um discurso que durou menos de dois minutos.
Sem reconhecer a derrota nas urnas, o pronunciamento começou com o presidente retribuindo os votos que recebeu. “Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro”, começou.
Após agradecer aos eleitores, o político mudou de assunto e citou a onda de protestos. O atual comandante afirmou que é um movimento popular que é fruto de indignação e de um “sentimento de injustiça”.
“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.”
Durante o discurso, o presidente ainda atacou a esquerda, afirmando que os métodos não podem se igualar. Além disso, ele disse também que a direita está forte no congresso e que os valores seguidos por ele em sua campanha estão bem representados.
“As manifestações pacíficas serão sempre bem vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda […] A direita surgiu de verdade em nosso país, nossa robusta representação no congresso mostra a força de nossos valores, ‘Deus, pátria, família e liberdade’”.
Citando a pandemia e a guerra da Ucrânia, Bolsonaro afirmou, em tom de críticas à mídia tradicional, que respeita e continuará seguindo a constituição.
“Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra, sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da constituição […] Como presidente da república e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa constituição”.
Por fim, Bolsonaro finaliza o pronunciamento dizendo que é uma honra liderar brasileiros que defendem os ideais de seu governo.
“É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarelo da nossa bandeira. Muito obrigado.”
Pronunciamento de Bolsonaro e a transição de governo
Além disso, sem assumir a derrota e nem citar o Lula (PT) ou a transição de governo, Bolsonaro deixa o púlpito rápido e Ciro Nogueira (PP) assume o pronunciamento afirmando que vai haver um processo de transição.
“O presidente Jair Bolsonaro autorizou, quando for provocado, com base na lei, a iniciarmos o processo de transição. A presidente do PT [Gleisi Hoffmann], segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país”, disse Nogueira.