Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Ex-governador do Rio recorreu ao habeas corpus para se retirar da comissão
O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito nessa quarta-feira (16), para compor os depoimentos da CPI. Witzel não tinha a obrigação de comparecer na comissão, e poderia sair da reunião quando quisesse.
Na introdução de seu depoimento, Witzel afirmou que a estratégia apresentada pelo Governo Federal foi negacionista, e que se o Presidente da República não tivesse agido contra a ciência e firmado acordos com os Governos Estaduais, a situação não teria sido tão crítica.
Além disso, afirmou que o Governo Federal criou uma narrativa que culpava os governadores pela situação da pandemia no Brasil.
Witzel disse que o Rio de Janeiro teve dificuldades para comprar materiais básicos para combate a pandemia porque as verbas de enfrentamento “vieram em cima do laço”, e que os prefeitos ficaram “desamparados” pelo Governo Federal durante a pandemia.
O ex-governador afirmou também que seu impeachment foi financiado por uma máfia na área da saúde, e que corria riscos de vida. Disse, inclusive, que tinha intenções de sair do país para preservar a integridade de sua família.
“Eu corro risco de vida. Eu tenho certeza. Porque (sic) a máfia da saúde no Rio de Janeiro e quem está envolvido por trás dela. E eu tenho certeza de que tem miliciano envolvido por trás disso, eu corro risco de vida e a minha família”, afirmou Witzel durante à CPI.
Durante a comissão, o senador Flávio Bolsonaro fez questionamentos incisivos para o depoente, falas que foram consideradas impróprias e intimidadoras pelo presidente da comissão Omar Aziz, e que Witzel poderia responder quando quisesse as intimações do senador.
Milícias e assunto sigiloso
Witzel afirmou durante seu depoimento que houve omissão do Governo Federal no planejamento central do combate ao coronavírus, além de dizer que Bolsonaro acusava governadores de prejudicar a economia e roubar recursos federais.
O ex-governador afirmou também que milícias atuavam contra o lockdown. “Estávamos clamando por organização central no combate à pandemia. Havia narrativa estruturada que governadores iriam exterminar empregos e aproveitar a pandemia para roubar. Sem apoio do governo federal, desestruturou-se o combate à pandemia. Tivemos grandes dificuldades para obter insumos, respiradores, leito.”
Durante os questionamentos do senador Randolfe Rodrigues quanto a respeito de milícias, o ex-governador declarou nomes de deputados que podem ter colaborado em carreatas, sabotando as medidas restritivas.
Sobre isso, o governador afirmou que possui “fato gravíssimo” para revelar em sigilo para à CPI.
Após os questionamentos do senador Randolfe Rodrigues, o senador Eduardo Girão foi fazer suas perguntas, que também foram consideradas incisivas pela comissão, e nesse momento o ex-governador Wilson Witzel utilizou seu habeas corpus para deixar a sessão, sem nem terminar de ouvir a pergunta de Girão.
Veja a lista dos próximos depoentes da CPI:
- Sr. Carlos Wizard e Sr. Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques (TCU)
- Ricardo Aziel Zimmermann, médico infectologista e Francisco Eduardo Cardoso Alves, também médico
- Deputado Osmar Terra (convite)
- Filipe Garcia Martins, chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais da Presidência da República
- Jurema Werneck, representante do Movimento Alerta e Diretora-Executiva da Anistia Internacional, e Pedro Hallal, epidemiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pelotas
- Sr. Helder Barbalho, Governador do Estado do Pará
- Sr. Wellington Dias, Governador do Estado do Piauí
- Ibaneis Rocha, Governador do Distrito Federal
- Mauro Carlesse, Governador do Estado de Tocantins