Foto: Irina Rybakova/Press service of the Ukrainian Ground Forces

Invasão teve início após pronunciamento do presidente russo, Vladimir Putin, em cadeia nacional anunciando a “operação militar especial” para desnazificar e desmilitarizar a Ucrânia

Nesta quinta-feira (24), a guerra entre Rússia e Ucrânia completa um mês. Nesses 30 dias de conflitos, acumulam-se tentativas de negociação, ataques e bombardeios, mortes de militares e civis e fuga de ucrânianos e estrangeiros residentes no país em busca de asilo em regiões próximas. 

De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 3,5 milhões de pessoas já saíram da Ucrânia para fugir da guerra. O principal destino dos refugiados tem sido a Polônia, país vizinho. Se considerado o número de deslocamentos internos em razão dos confrontos, a quantia sobe para quase 6,5 milhões de pessoas que deixaram suas casas desde o início do conflito.

Refugiados no Brasil

O Brasil também tem recebido refugiados da guerra. Segundo dados da Polícia Federal, o país já recebeu mais de 890 ucrânianos. Novos grupos de refugiados já possuem data para a chegada em território brasileiro. Desde o início de março o governo federal tem concedido vistos humanitários e autorização de residência para os ucrânianos que procuraram asilo no país.

Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko

Crise humanitária

A crise humanitária também atinge aqueles que optaram por continuar na Ucrânia. Cidades devastadas por bombardeios têm sofrido ainda com a falta de suprimentos básicos. 

Na cidade de Kherson, por exemplo, moradores relataram a dificuldade de acesso à alimentos, água potável, medicamentos e energia elétrica. 

De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, mais de 300 mil cidadãos, moradores da cidade de Kherson, têm sofrido com a falta de abastecimento provocada pelos bloqueios russos à região. Além disso, Nikolenko acusou os militares de impedirem a evacuação de civis do território controlado. 

Os corredores humanitários têm estado entre as principais demandas solicitadas pela Ucrânia nas tentativas de negociação. Os corredores são rotas seguras utilizadas para evacuar civis. Além disso, a ideia é fornecer alimentos e ajuda médica para as cidades sitiadas pelas tropas russas 

Foto: REUTERS/Gleb Garanich 

Nesta segunda-feira (21) foi realizada uma nova rodada de negociação entre russos e ucrânianos em busca de um acordo que ponha fim à guerra. No entanto, a reunião não registrou avanços significativos. Entre as principais demandas da Rússia para o fim do conflito estão:

  • Adoção de uma posição geopolítica neutra pela Ucrânia;
  • Garantia de que o país não se tornará membro da Otan;
  • Desmilitarização da Ucrânia;
  • Desnazificação da Ucrânia;
  • Proteção à língua russa no território ucraniano.

A BBC News destacou ainda outra categoria de exigências feitas pelo Kremlin. Em conversa realizada com o porta-voz do governo turco, país que tem atuado como peça chave para as negociações entre as duas nações. O portal de notícias inglês destacou que a Rússia possui algumas exigências ligadas ao território ucraniano. 

A hipótese é de que Moscou solicite a anexação de territórios separatistas localizados no leste da Ucrânia. Além disso, existem o reconhecimento formal da Criméia como parte da Rússia. 

Do lado ucraniano, autoridades do governo de Volodymyr Zelensky garantem que o presidente quer resolver o conflito por meio de soluções diplomáticas. Entretanto, sem que seja necessário abrir mão do território e das armas do exército ucraniano.

Em entrevista à CNN Internacional neste domingo (20), Zelensky defendeu mais uma vez a realização de um encontro entre ele e Putin em busca de conciliação: “Eu estava pronto (para negociações) nos últimos dois anos e acho que, sem negociações, não podemos acabar com esta guerra (…) Temos que usar qualquer formato, qualquer chance, para ter a possibilidade de negociar a possibilidade de conversar com Putin”.

Foto: REUTERS/Belarusian Telegraph Agency (BELTA)

Sem o progresso nas negociações pelo fim do confronto, o número de mortes de militares e civis segue crescendo diariamente. Um balanço divulgado pela ONU nesta segunda (21) estimou que, pelo menos 925 civis morreram desde o início da guerra. E outros 1.496 foram feridos nos combates. 

Ainda segundo a ONU, os números são provavelmente muito superiores a esses. No entanto, a dificuldade de acesso a informações e relatórios oficiais impede que a contagem seja feita com precisão.

Há ainda dados divulgados pelos governos da Rússia e da Ucrânia sobre os óbitos, entretanto, a dificuldade de checagem dos dados também atrapalha a contagem. 

Foto: Sergei Supinsky/AFP

Cidades atacadas

O rastro de destruição da guerra atinge diversas cidades ucranianas. Entre elas, regiões de grande importância estratégica para o país como Kiev, Kherson, Mariupol e Kharkiv.

A cidade de Kherson foi a primeira a ser completamente tomada pelo exército russo. Localizada ao sul do país, a região é importante para a Ucrânia por sua posição estratégica. Ela tem portos no Mar Negro e concentra diversas empresas da indústria naval. 

Kharkiv é outra região de grande relevância para a Ucrânia. A cidade, que é a segunda maior do país, com cerca de 1,5 milhões de habitantes. Ela têm sido alvo de ataques e bombardeios incessantes que também atingem infraestruturas civis.

De acordo com o chefe de administração militar regional da cidade, Oleg Sinegubov, na madrugada de terça (22), foram registrados 84 bombardeios. Eles destruíram mais de 600 casas na região. 

A capital do país, Kiev, tem sofrido cada vez mais ofensivas das tropas russas. O prefeito da cidade, Vitali Klitschko, anunciou um novo toque de recolher. Ele teve início na noite de segunda e deve durar até a manhã de quarta. A decisão foi tomada após ataque aéreo a um shopping no distrito de Podilskyi, que deixou ao menos oito pessoas mortas. Dados da prefeitura apontam que metade da população de Kiev, que era de 3,5 milhões, deixou a cidade desde o início do conflito. 

Pesquisadores apontam que a tomada de Kiev pode representar a queda do país ou o fim do conflito com uma vitória russa. Isso aconteceria pois a cidade é o centro político e militar da Ucrânia. 

Mariupol é outra importante cidade portuária localizada no leste do país. Segundo o portal The Guardian, a cidade teria sido invadida hoje (22) pelo exército russo. Segundo a reportagem, cerca de 200 mil pessoas estão na região e não conseguem sair após a entrada das tropas de Putin na cidade. Informações de autoridades locais indicam que 80% da infraestrutura da cidade foi destruída com os ataques.

Além de sua importância como cidade portuária, Mariupol é também uma base para as forças armadas ucranianas. A queda de Mariupol representaria, segundo o The Guardian, um golpe econômico e uma vitória simbólica para a Rússia. 

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